domingo , maio 19 2024

Sindicato dos professores acusa MEC de difamar a UFMT e repudia intervenção

Allan Pereira
RD News
Em nota divulgada na quinta (18), a diretoria da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat) afirma que o Ministério da Educação (MEC) começou “uma campanha difamatória” contra a instituição. Os sindicalistas saíram em defesa da autonomia universitária, após a apresentação do programa Future-seque permite a participação de verba privada no orçamento das universidades. Eles também defenderam a reitora Myrian Serra “apesar das divergências políticas”, exposta pela crítica do ministro da Educação Abraham Weintraub, no episódio do corte de energia, por falta de pagamento da conta de luz.
Para a Adufmat, o ministro busca responsabilizar a reitora “com o intuito de tirar o foco de quem é realmente é responsável pelo apagão”, pois Myrian “já havia anunciado, meses antes, a inviabilidade financeira da universidade”. Ela fez isso depois que o governo anunciou, em maio, o contingenciamento de 30% da verba das universidades todo o país. Na ocasião, a UFMT poderia ficar sem R$ 34 milhões. A reitora pontuou, em comunicado divulgado na época, que o congelamento compromete o desempenho da universidade e leva a instituição “à beira de um retrocesso inimaginável”.
O sindicado dos professores aponta que as universidades passam por processo de desmonte desde a década de 1990 e que, desde 2014, “a situação se agravou enormemente” depois do corte 10% das universidades promovido pelo governo Dilma Rousseff (PT). Já sob o mandato do ex-presidente Michel Temer (MDB) foi realizado novos cortes dos recursos das faculdades, após a aprovação da denominada “PEC do fim do mundo”, que congela os investimentos do poder público por 20 anos.
Segundo a Adufmat, o corte em 2018 representou um “orçamento 54% menor do que era em 2014”. “Apenas o congelamento do investimento sob tais condições já seria suficiente para estrangular financeiramente as universidades com o passar dos anos”, disse.
A nota segue dizendo que, após Michel Temer, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) “se elegeu para intensificar as medidas neoliberais”. E acrescenta: “ao cortar 30% dos recursos das universidades, o atual governo impôs à UFMT e a outras universidades sua inviabilidade financeira já para o mês de julho de 2019”.
“A razão do ataque é bastante cristalina”, aponta.
Segundo a nota, o objetivo é retirar a reitora “para colocar um interventor que irá orquestrar a privatização da universidade, retirando do caminho todos que demonstrarem resistência, em especial os movimentos sindicais e estudantis”.
Vice-líder do Governo Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara dos Deputados, o deputado federal José Medeiros (Podemos) pediu na quarta (17) a saída de Myrian para que seja realizada uma auditoria na instituição.
A Adufmat ressalta que, “apesar das divergências políticas que o sindicato tem com a atual Reitoria”, defende a permanência dela no cargo. “Defendemos que a decisão de modificar ou não a administração da universidade é da própria comunidade universitária”, pontua.
“A Adufmat-Ssind repudia veementemente mais essa manobra realizada pelo governo e seus correligionários, e afirma que não reconhecerá nenhuma iniciativa que vislumbre impor qualquer alteração na universidade que não respeite os espaços de decisão construídos pela comunidade acadêmica”, conclui.

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